Nietzsche, por Feinmann
vb. criado em 24/04/2015, 09h55m.
Nietzsche (1844-1900), vida e vontade de potência
- qual é o ponto de partida que Nietzsche propõe?
Qual é a origem dos valores?
Quem criou o bem?
Que relação existe entre o pensamento de Nietzsche e a tardia unificação da Alemanha?
Une-se a Marx numa atitude filosófica que se pode chamar material. Mas Marx parte das forças de produção e das relações de produção capitalistas, da materialidade da história. Nietzsche parte da vida: o conceito de vida estava faltando na filosofia.
Ontologia. Nietzsche: um furioso antiplatonista. Toda a filosofia de Platão consiste em afirmar que existem dois mundos, um sensÃvel e um suprassensÃvel, onde estão as idéias, que são perfeitas em si. As idéias fundamentais são as ideias da verdade, do belo e do bem, que estão no mundo suprassensÃvel, onde Platão instaura seus valores. No mundo sensÃvel está o que se dá no modo da desvalorização, da imperfeição.
O que Nietzsche faz é uma transvaloração, uma transmutação dos valores. Elimina o mundo suprassensÃvel e baseia sua filosofia na materialidade da vida. A vida é o conceito essencial, e suas caracterÃsticas são: a vida é devir, e a vontade de potência é o eixo dinâmico da vida. O Devir da vida é o devir da vontade de potência.
A vontade de potência se encarna num tipo especial de homem, o trans-homem, o Übermensch. O homem é uma corda estendida entre a besta e o super-homem, e sob essa corda está o abismo. O homem é um caminho, um devir em direção àquilo que deve ser.
Ética. A genealogia (busca das origens) da moral. A moral de Nietzsche não é da burguesia, a do homem comum, apolÃneo, que ele abomina. Investiga como nasceram as palavras que dão estrutura ao pensamento moral da sociedade burguesa do séc. XIX. Nietzsche odeia ao cristianismo, detesta a brandura, a compaixão, a piedade, o ascetismo, os valores sacerdotais, o amor ao próximo, o auto-sacrifÃcio. Defende a busca de valores duros, e os busca em meio aos homens duros, os guerreiros, que, no modelo de sociedade grega que estuda, são também os aristocratas. Não busca os valores num mundo suprassensÃvel, mas no mundo sensÃvel, sanguÃneo, brutal, das aves de rapina e dos guerreiros.
Diz que os aristocratas-guerreiros gregos se denominavam “os verazesâ€, aqueles cuja palavra é a verdade. A aristocracia, para Nietzsche, não se trata de uma classe social, mas de uma classe espiritual, ou de um elemento filosófico espiritual. é o estamento da sociedade alto por sua capacidade de espÃrito, que é capaz de criar as verdades.
Isso leva ao pathos da distância, a indignação diante do baixo, do vulgar, do plebeu, de quem não tem a força para criar verdades pelo só fato de enunciá-las. Sentimento de classe superior, que tem o direito de reinar, de fundar os valores, de estabelecê-los enunciando as verdades.
Os valores não são essências vaporosas, coisas da alma, são valores carnais, vitais, valores da vontade, da conquista e da guerra. Isso é o bem.
Mau é tudo que assinala os inferiores, que são maus em si mesmos, porque inferiores.
A tardia unificação da Alemanha determina as guerras mundiais do séc. XX. Chegando tarde à unificação, a Alemanha chega tarde à repartição do mundo, e encontra todos os territórios ocupados pelos outros impérios. Tem que lutar para abrir seu espaço vital. Por isso necessita de uma vontade guerreira, uma vontade de potência.
Ainda que sejam ^ e Marx filósofos materialistas, há profundo antagonismo entre eles, ^ defende a aristocracia e para ele a ditadura do proletariado seria uma rebelião de escravos contra a ordem natural que a burguesia deve manter.
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